Como surgiu a idéia?!
Início de Fevereiro, Carnaval chegando, e eu ainda não tinha um destino para o feriadão. Vasculhando o meu e-mail, pasta spam, encontrei uma propaganda sobre uma pousada em Delfinópolis. Confesso que foi a primeira vez que ouvi (ou melhor, li!) sobre a cidade. Procurando no Google Maps olha só o que encontrei!
A cidade fica as margens do Rio Grande, bem pertinho, da divisa com SP e com uma serra bem ao lado! Achei o lugar interessante e fiquei com vontade de conhecer. Assim a parte mais fácil (não foi tão fácil assim, confesso!) da viagem foi cumprida, defini o lugar onde iria passar o meu feriado! É legal fugir da "muvuca" do carnaval de vez em quando e fazer algo diferente... Nestas horas procuro sempre algum lugar interessante para conhecer onde possa conhecer pessoas, fazer amizades e explorar a região. Devido a beleza e tamanho do nosso país afinal a tarefa difícil é escolher entre os muitos destinos!
A escolha da pousada
Acho que o título acima é meio enganoso, imagina só se eu, quase sem tempo e uma semana antes do Carnaval, iria ter a possibilidade de escolher alguma coisa! (risos) Mesmo assim eu tentei! e como já era previsto não consegui encontrar nada! Todas as pousadas estavam com lotação máxima ou com preços altíssimos devido ao feriado. Neste ponto pensei que o role "ia melar" como dizem alguns colegas, mas foi ai que tive a grande sacada! Decidi, vou acampar!
A barraca, a bike e os equipamentos
Como queria acampar mas não tenho barraca tive que arrumar uma. Pensei até em comprar mas como o tempo estava apertado apelei para os contatos. Emprestei a barraca do meu primo, tive uma aula de 5 minutos sobre como montá-la, e assim fechei mais um item da viagem. Faltava agora listar e juntar tudo que tinha que levar, colocar o suporte no carro e comprar algumas coisas para comer na viagem e durante os roles. Levei também o meu jogo de ferramentas para bike, a mochila de hidratação e as roupas para o pedal. Para não correr riscos, apesar do tempo quente, resolvi levar também uma coberta. Finalmente o sabadão chegou. Arrumei minhas coisas no carro e parti para a aventura!
A viagem
Saí de Campinas/SP as 6h00 da manhã e segui pela rodovia Campinas/Mogi até Mococa, na divisa do estado com Minas Gerais. Para ser mais correto a estrada muda de nome conforme as cidade passam, mas é só seguir direto por ela que se chega a Mococa. Até este ponto a estrada é muito tranquila, conta com duas faixas e mesmo no Carnaval estava com o trânsito tranquilo.
De Mococa a Delfinópolis a estrada é de mão única e o asfalto não é tão
bom assim. Encontrei inclusive alguns buracos na pista mas nada que
complicasse a viagem. Inclusive achei que viajaria em um trecho muito
pior do que encontrei... Abaixo seguem as distâncias percorridas:
Distâncias entre a origem e o destino
Cidades | Distância entre cidades | Acumulada |
Campinas | 0 | 0,0 |
Jaguariúna | 28,0 | 28,0 |
Mogi Mirim | 36,0 | 64,0 |
Mogi Guaçu | 7,5 | 71,5 |
Casa Branca | 64,5 | 136,0 |
Mococa | 37,0 | 173,0 |
Arceburgo | 16,5 | 189,5 |
Monte Santo de Minas | 26,5 | 216,0 |
São Sebastião do Paraíso | 35,0 | 251,0 |
Pratápolis | 22,0 | 273,0 |
Cássia | 20,0 | 293,0 |
Delfinópolis | 31,0 | 324,0 |
Pousada Águas de Santo Antônio | 33,5 | 357,5 |
A chegada
Até a cidade de Delfinópolis o caminho foi muito fácil, bastou atenção na placas e uma paradinha em Cássia para confirmar a rota, chegando sem maiores percalços. Da cidade até a pousada fazenda onde eu iria ficar a história foi um pouco diferente. Eu até tinha uma mapa detalhado do local mas faltou um navegador naquela hora! Eu tinha que dirigir, prestando atenção na estrada para não passar em nenhum buraco, tinha que acompanhar as distâncias no odômetro e no mapa e tinha que me atentar as placas de referência mencionadas... Como podem imaginar chegou uma hora que resolvi parar, pois não tinha certeza de mais nada sobre o caminho! Voltei para o mapa e comecei a procurar onde eu estava quando vi passando um senhor, morador local, em sua motinha. Pedi seu auxílio informando que estava indo em direção a cachoeira do Luquinha mas estava perdido. Conhecendo a região muito bem ele me disse que estava no caminho correto e que me guiaria até o povoado conhecido por Olhos D'água por onde eu deveria passar. até chegar ao meu destino. Fechei os vidros do carro e segui o senhor. Não sei se por conhecer muito bem o lugar ou pela destreza mesmo a motinho voava no estradão de terra! Acho que ele chegou a alcançar uns 65 km/h em uma das retas... Juro que vi a moto sair de traseira pelo menos uma vez em um banco de areia... No meu caso não passei dos 40 km/h mesmo! Mesmo assim, acompanhando a poeira que ele deixava pelo caminho, consegui segui-lo. Chegando no vilarejo agradeci e me despedi pois, ainda faltavam uns 12 km a percorrer!
Neste dia cheguei no horário do almoço, comi a típica comida mineira e saí para o meu primeiro passeio pela região.
As cachoeiras
No hotel fazenda onde acampei existe um conjunto de cachoeiras muito conhecido na região, as Cachoeiras do Luquinha. Elas formam um conjunto muito bonito de quedas d'água que, cercada pela vegetação típica de Cerrado, ficam ainda mais bonitas e interessantes.
Do ponto onde estava acampando até a primeira delas existe uma distância de quase 3 Km que resolvi fazer a pé na primeira vez. Andei debaixo de um Sol escaldante por quase meia hora antes de chegar a primeira delas.
Como estava com bastante calor aproveitei para tomar um banho e para tirar muitas fotos do lugar. As cachoeiras são interligadas por trilhas (pelas quais não dava para pedalar mesmo!) e a mais bonita delas é a última! Nesta, conhecida como Luquinha 3 existe o maior poço delas, o chão é forrado com pedrinhas e areia e o lugar é ideal para nadar. Como era de se esperar, em um lugar tão preservado a água era cristalina. Nesta cachoeira que fiquei a maior parte do tempo e foi legal ficar sentado lá escutando a água cair e correr. Com as energias renovadas e feliz por ter a oportunidade de conhecer um lugar como aquele retornei a pousada pelo mesmo caminho.
Vale a pena viajar sozinho?
Umas das coisas que mais gosto de fazer é viajar, adoro conhecer lugares diferentes, culturas diferentes e fazer amigos. Para esta viajem convidei alguns colegas mas por motivos diversos nenhum deles infelizmente pôde me acompanhar. Mesmo assim resolvi ir sozinho, pois nem sempre é possível sincronizar uma viagem com a disponibilidade do pessoal. Viajar sozinho tem aspectos negativos e um positivos. Um dos pontos negativos é que pode não ser tão legal quanto viajar com as pessoas (amigos/família) que você gosta. Corre-se o risco de chegar ao local e ficar "sem ambiente" tornando a viagem chata... Como me considero uma pessoa comunicativa neste caso o risco é menor. Neste passeio por exemplo, conheci 2 casais com os quais fiz amizade. Um deles mora na região de Ribeirão Preto e saia todo os dias de manhã para conhecer as cachoeiras da região, não gostavam tanto de aventuras mas adoravam passear! Já o segundo casal que conheci, o Molina e a Shirley eram mais aventureiros como eu. Conversamos bastante durante o jantar sobre as nossas viagens. Eles me contaram sobre os passeios que já fizeram por aquela região dirigindo, as vezes, mais de 100 km por estradas de terra! Falamos inclusive das aventuras do Molina e a sua gaiola (para quem não sabe, como eu não sabia, gaiola é uma tipo de carro off-road onde uma estrutura é montada sobre um chassi... Alguns chamam este carros de Baja se não me engano...) pelas estradas de terra do norte de SP e sul de Minas. Eles conheciam bem a região tendo inclusive se aventurado pela parte alta da serra, perto da nascente do rio São Francisco, onde dizem que é possível encontrar cachoeiras margeando a estrada! Adoraria encontrá-los novamente em alguma de minhas aventuras para conversarmos novamente... Quanto ao questionamento do título acredito que cada um vai ter sua resposta para a questão!
O pedal pela serra e o retorno às cachoeiras
No dia seguinte tomei meu café da manhã, e que café da manhã!, e me preparei para o meu pedal pela serra da Canastra. Na noite passada obtive a indicação de um caminho muito legal, no qual poderia subir a serra partindo do vilarejo de Olhos D´água.
Coloquei a bike no carro e me dirigi para lá. Cheguei ao posto de combustível, de onde saia a trilha que queria percorrer, estacionei o carro, arrumei minhas coisas lembrando de levar bastante água porque o dia estava bem quente. Já no princípio percebi um diferença em relação as trilhas que estou acostumado a pedalar, lá o chão tem muito cascalho o que dificulta o pedal! Sem falar é claro nas subidas que apareciam uma após a outra na minha frente!
No começo achei a paisagem bem normal, pois estava pedalando entre as plantações das fazendas mas quanto mais subia mais interessante ficava o lugar. A vegetação original do Cerrado foi tomando seu lugar de direito na paisagem e, como não parava de subir, fui enxergando cada vez mais longe. Depois de uma subida muito forte resolvi parar e descansar um pouco, aproveitei também para tirar algumas fotos da região. Do ponto onde me encontrava consegui enxergar a cidade e o rio Grande que lá de cima ficaram muito bonitos. Neste dia, após retornar para o almoço, ainda aproveitei para visitar novamente as cachoeiras e, no final da tarde, ainda aproveitei a piscina da fazenda que estava com a água muito boa depois de um dia todo de Sol.
O Retorno para casa
Depois de minhas andanças pela região infelizmente chegou a hora do retorno. Me despedi dos colegas que conheci, do pessoal da fazenda, que foram o tempo todo muito prestativos e atenciosos, e pequei a estrada novamente. Fiquei impressionado com a beleza natural do Sul de Minas, com o rio Grande e com as paisagens que ia observando no caminho de volta.
Tive que enfrentar novamente os 35 km de estrada de terra, cruzei outra vez o Rio Grande de balsa e desci pelas montanhas cafeeiras rumo a divisa do estado. Entrando em SP novamente fiquei imaginando quando será a próxima vez que irei retornar.
3 comentários:
Fala grande Dênis, o relato ficou muito bom e o lugar também é fantástico. Respondendo a pergunta: Viajar sozinho vale a pena sim, principalmente quando é para o meio do mato. Só é preciso estar bem consigo mesmo e ter disposição e coragem. Parabéns. Abs.
Denis vi seu link no site do domingueiras - que acabei de descobrir - e babei nessa tua viagem, deve ter sido deliciosa! Conheço delfinópoliss mas não numa bike... sempre que viajo penso que a bike ali seria legal, mas ainda não fiz isso, a seu relato serviu como incentiu! um abraço!
Olá Mel,
legal que tenha gostado deste passeio! Delfinópolis é realmente um lugar muito bonito e junte a isso a serra da Canastra, o rio Grande e a vegetação do serrado! Não tem como errar. É realmente um passeio que vale muito a pena! Quero voltar lá e desta vez levar os amigos junto! Se quizer algumas dicas sobre o que fazer por lá email-me ok!
Ps: Venha pedalar conosco nos pedais de domingo (Campinas) por aqui temos muitos lugares interessantes para conhecer também!
Abs. Denis
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