segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cicloviagem pela Costa Verde - 255 km

Atualização [14/julho/2011] 

    Pessoal, somente agora consegui fazer o upload de um vídeo com mais de 15 min. no Youtube! Ebaaaa... Assim segue abaixo o registro em vídeo da nossa cicloviagem! 

Abs.


Preparativos

    Seguindo o que já está se tornando uma tradição para o grupo resolvemos fazer neste ano (2010) uma nova cicloviagem. No ano passado pedalamos (clique aqui para ver como foi!) pelas serras da Bocaina e da Mantiqueira nas divisas dos estados de Minas, São Paulo e Rio e este ano optamos por uma cicloviagem mais leve. Discutindo as opções resolvemos fazer então um pedal pela Costa Verde na rodovia Rio-Santos (BR 101) de Caraguatatuba/SP até Ilha Grande (Angra dos Reis/RJ). Nosso grupo foi formado por 6 integrantes: Ciça, Denis, Gustavo, Paulo, Ribas e Zwi. Nosso grande amigo Roni, companheiro da viagem anterior, não pôde nos acompanhar este ano devido a assuntos pessoais.

Zwi, Gustavo e Ribas ainda em Campinas


Dia 12 de Junho - Saída de Campinas/SP, visita ao morro de Santo Antônio e viagem de Caraguatatuba/SP à Ubatuba/SP


Denis e Zwi
A viagem até o litoral foi tranquila descontando, é claro, o sono e o friozinho que fazia na estrada. Por sorte apenas nosso amigo Paulo (risos) sofreu com um vento incômodo que congelou suas pernas até pelo menos metade do caminho! Não aguentando mais ver aquilo resolvemos finalmente lhe oferecer um cobertor (era um saco de dormir!) para amenizar o frio! No meio do caminho demos aquela paradinha estratégica, em São José dos Campos, para esticar as pernas e comer algo chegando em Caraguá antes do alvorecer.



Vista do topo do morro de Santo Antônio
 Paramos em frente ao Morro de Santo Antônio e, apesar da garoa fininha que caia, resolvemos subir até o topo. Caminhamos por aproximadamente meia hora por uma subida bem ingrime, atingindo finalmente o cume. Neste momento pensamos que tínhamos perdido a viagem, pois a visão da orla estava toda ofuscada devido à neblina. Na ocasião fomos recompensados (e surpreendidos!) com uma abertura repentina do céu causada pelo vento e conseguimos observar todo o litoral que se abria a nossa frente. Depois de poder admirar aquela bela paisagem descemos com as energias renovadas para o primeiro dia de pedal.

    Como o tempo "corria" tomamos um café reforçado em uma das padarias da cidade, nos despedimos do nosso motorista (que é também companheiro de pedaladas!) e de seu navegador e partimos rumo à praia de Itamambuca em Ubatuba.

    Neste trecho, entre duas cidades, tivemos que pedalar com cuidado pela rodovia, pois o tráfego de veículos apesar de não tão intenso, existia. Fizemos algumas paradas para tirar fotos e para almoçar além de conhecer algumas praias que íamos encontrado pelo caminho. Neste primeiro dia os apelidos começaram a surgir com grande velocidade...
Zwi, Paulo, Gustavo, Ciça, Denis e Ribas
Ficamos sabendo de um tal "gordinho da bike" que despontava na frente e era inalcançável (e pensavam que ele não pedalava nada hein dona Ciça!).
Passamos um dia muito tranquilo ora cantando, ora contando piadas e ora rindo uns dos outros. Tudo isso em grande harmonia uns com os outros até o nosso destino final.

Distância percorrida: 68,67 km

Frase do dia: "...eu achava que este gordinho não pedalava nada!"

Dia 13 de Junho - Ubatuba/SP (Itamambuca) à Paraty/RJ

Praia de Itamambuca - Ubatuba/SP
   Dia novo pedal novo! Mas antes disso eu, Paulo e Zwi resolvemos tomar um banho de mar. Acordamos bem cedo, antes do Sol raiar, e caminhamos da pousada até o mar. No caminho atravessamos um rio e um pedacinho de mangue, aproveitando a maré baixa, e chegamos à praia de Itamambuca. foi engraçado notar a diferença de temperatura existente entre a água do rio (bem fria) e a água do mar (não tão fria) na hora do banho. O lugar no qual estávamos era realmente muito bonito principalmente perto do nascer do Sol mas não pudemos ficar por muito tempo contemplando a paisagem porque ainda tínhamos muita estrada por percorer até Paraty.

   Logo após esta caminhada retornamos à pousada, tomamos café, ajeitamos as tralhas e partimos rumo ao nosso destino. Antes de pegar a estrada compramos uma garrafa de conhaque Domecq (só para deixar registrado aqui eu nem bebo ok! Por isso não posso ser acusado fazer com que a Ciça carregasse peso extra por mais de 100 km... sacanagem isso hein senhores! rsrsrsrs) que seria gentilmente carregada pela Ciça até a Ilha Grande.
Costa Verde - Ubatuba/SP
Costa Verde - Ubatuba/SP
Costa Verde - Ubatuba/SP




Pássaro atropelado na rodovia
Neste trecho, um dos mais bonitos da viagem, tiramos várias fotos e visualizamos lugares muito bonitos que raramente são apreciados quando fazemos tal viagem de carro. Esta é inclusive uma das vantagens de se viajar de bike que citamos para os amigos que nos perguntam sobre este tipo de passeio! Pudemos observar também muitos pássaros mortos na rodovia (possivelmente atropelados pelos carros) fato que, infelizmente, iríamos presenciar por todo caminho.



   Neste dia enfrentamos a subida mais longa do trecho que é aquela que existe entre as divisas dos estados do Rio e de São Paulo. Para a nossa sorte bem ali existe o famoso Bar da Linguiça onde paramos e pudemos comer algo antes de prosseguir.
Domingueiras pedalando
  Após uma breve pausa recuperamos as energias e continuamos a viagem. Quase chegando em Paraty o Paulo, carinhosamente chamado de penetra (olha a Ciça ai de novo! rsrsrs), foi acometido por uma dor repentina em seu joelho direito. Assim resolvemos caminhar alguns poucos quilômetros para que ele se recuperasse e pudesse continuar a viagem conosco! Tirando este pequeno incidente chegamos bem em Paraty e nos hospedamos na mesma pousada utilizada na cicloviagem de 2009. À noite saímos para passear e jantar e, incrivelmente, devido a gama de opções que tínhamos, escolhemos um restaurante não muito bom para comer... O peixe até que estava bom mas o bife fez chorar... Faz parte do jogo!


Distância percorrida:  53,50 km

Frase do dia: "...Paulo para que levar tanta coisa? Está fazendo mudança?" (Sobre o alforge dele, que era o maior de todos!)

Dia 14 de Junho - Paraty/RJ à Mambucaba/RJ

Forte de Paraty/RJ
   Após uma noite de sono bem dormida e do café da manhã pegamos a estrada. Antes disso tivemos que fazer uma parada estratégica em uma bicicletaria de Paraty para que a bike do Zwi fosse ajustada antes da viagem. Antes de sair da cidade resolvemos visitar o Forte Defensor Perpétuo. O lugar é realmente muito bonito e nos fez conhecer uma pequena parte da história da cidade...



Passeio encerrado, voltamos para a estrada novamente. A partir deste trecho o Ribas, apesar de não poder falar muito devido à uma súbita perda de voz  nos guiou pela orla fluminense.

Pedalando e cantando
É legal ou não é?
 Começou por me corrigir um erro básico que sempre passou despercebido. Sempre o chamei de "Ribas Carioca", mas Carioca é quem nasce na cidade do Rio de Janeiro (eu aprendi errado com a tia da escola acreditem!), quem nasce em outras cidades do estado, como ele nasceu, é Fluminense! Assim tive que me adaptar e começar a chamá-lo de "Ribas Fluminense" (com ênfase no "S"). Neste trecho encontramos obras de recuperação na estrada devido às quedas de barreiras, que inclusive encontramos por todo nosso caminho desde Caraguá. Estas obras felizmente não nos impuseram grandes dificuldades ou atrasos.

Vale citar aqui um episódio interessante que ocorreu entre as duas cidades. Ao pararmos na Toca do Pastel resolvi devolver um pouco de água para a natureza e fui ao banheiro. Querendo me pregar uma peça "todos" pegaram suas coisas e foram embora por uma descida de quase 2 km que existe a partir daquele ponto... Ao sair do banheiro não encontrei ninguém a não ser a mochila, a luva e cia. ltda. que o senhor Zwi esqueceu bem em cima da mesa... Resumindo, ele pegou só a bike e desceu todo tranquilo a ladeira abaixo! Como bom amigo peguei seus pertences e fui ao encontro deles lá em baixo. Ao encontrá-lo percebi que a "ficha já tinha caído" e ele estava quase fazendo o caminho de volta todo aflito para corrigir o esquecimento... A partir daí ele não tirou mais a mochila da costa por todo o passeio (risos). Tirando fotos, conhecendo praias e nos divertindo bastante chegamos à bela pousada na qual ficamos hospedados em Mambucaba/RJ. 

Vista da pousada em Mambucaba
À noite jantamos em um lugar simples, mas de comida muito farta e gostosa, e retornamos à pousada onde aproveitamos o fim da noite para conversar, cada um relembrando um pouco as experiências vividas no passado... 

Distância percorrida: 58 km

Frase do dia: "...e saiba que quem nasce no estado do Rio de Janeiro é Fluminense, não Carioca!" (Sorry for my mistake!)

Dia 15 de Junho - Mambucaba/RJ à Angra dos Reis/RJ (Ilha Grande)

   Novamente aproveitamos o amanhecer e eu, Ciça e Zwi resolvemos caminhar pela praia, pudemos observar os pescadores preparando os barcos para mais um dia de trabalho Desta vez não tivemos coragem de nadar mas fizemos uma pequena caminhada pela praia onde conversamos brevemente sobre o privilégio que é poder fazer uma cicloviagem por lugares tão bonitos quanto aqueles nos quais estávamos naqueles dias.

Neste dia o pedal foi leve, com a altimetria tranquila, e aproveitamos para realizar mais paradas e tirar belas fotos. Passamos pelas usinas nucleares de Angra e aproveitamos o lugar para mais alguns cliques! Chegamos em Angra dos Reis antes do horário do almoço, como tínhamos planejado, e procuramos um lugar para almoçar. Decidimos comer perto do cais do qual, ao saborear uma deliciosa picanha, pudemos observar por algum tempo todos os barquinhos que, mesmo atracados, navegavam em conjunto de um lado para o outro acompanhando o balanço do mar!

Barcos no cais em Angra dos Reis/RJ

Refeitos do pedal, depois do descanso e do belo almoço, resolvemos fazer um pequeno passeio pela cidade e fomos visitar o Colégio Naval de Angra. Apreciamos a bela arquitetura do lugar e nos safamos de ser repreendidos pelos guardas do local por pouco. Explicando melhor: na frente do Colégio Naval existe um sino que só pode ser tocado pelo pessoal autorizado e que a Ciça quase badalou! 

Colégio Naval em Angra dos Reis/RJ

   Finalizado o tour nos dirigimos para a Barca que faria a nossa travessia entre Angra e a Ilha Grande. Curiosamente viajamos bem no horário do jogo da seleção na Copa, mas conseguimos chegar na Vila do Abraão uns 20 minutos antes do jogo terminar e pudemos acompanhar a vitória da seleção. Para a estadia na Ilha não nos preocupamos em reservar a pousada com antecedência porque como viajamos fora de temporada poderíamos escolher com mais tranquilidade onde ficar. Durante a viagem até a Ilha conhecemos o Mateus que se ofereceu para nos mostrar a pousada que administra.

Paulo e Ciça jogando tênis de mesa

    Fomos até lá e gostamos das acomodações decidindo por ficar ali nos outros 2 dias que ainda nos restavam. À noite preparamos Domecq com café e os apreciadores puderam tomar um trago depois do jantar!

Distância percorrida: 55 km

Frase do dia: "...você não vem mais! Não vou trazer mais!" (Paulo, curtindo com a gente em resposta às brincadeiras que fazíamos com ele!)

Dia 16 de Junho - Ilha Grande - Praia dos Dois Rios e visita ao presídio da Ilha Grande

Trilha até os Dois Rios
   Depois de um café da manhã reforçado saímos para a nossa primeira aventura na Ilha Grande! Tiramos os alforges das bikes e resolvemos pedalar até a praia dos Dois Rios. Encaramos uma subida forte de mais de 4 km pedalando sobre uma estrada coberta com "pedras" formadas por restos de entulho de construção. Para quem não tem toda esta disposição existe um ônibus que faz este trajeto uma vez ao dia além de um carro de transporte que leva o pessoal até o campus da UERJ localizado naquela praia. Durante o percurso pudemos observar algumas pequenas cachoeiras além de escutar o canto dos pássaros que habitam a ilha.



Presídio colônia penal Cândido Mendes
Chegando à praia fomos visitar o museu que existe dentro do presídio (desativado em 1994) e pudemos conhecer um pouco da sua história. Soubemos, por exemplo, que alguns presos ilustres, como o ex-governador Leonel Brizola e o escritor Graciliano Ramos, que escreveu o clássico Memórias do Cárcere,   passaram por ali. Soubemos também que naquela época, devido à convivência entre os presos comuns e presos políticos, surgiu o Comando Vermelho. Depois do roteiro cultural fomos para a praia! Encontramos um lugar deserto, muito preservado e de beleza natural indescritível. 

Praia dos Dois Rios / Ilha Grande - Angra dos Reis/RJ

   Perto do mar, onde a areia é mais compacta, pedalamos em um breve tour até a ponta direita da praia na qual um rio de águas cristalinas (e congelantes!) separava a praia do morro que tínhamos acabado de descer.
Depois de um banho de mar e de um refrescante (refrescante?) banho de lagoa fomos almoçar já tristes por ter que deixar um lugar tão bonito como aquele para trás.

Distância percorrida: 20 km

Frase do dia: "...pena podermos ficar tão pouco tempo em um lugar tão bonito assim!"


Dia 17 de Junho - Ilha Grande - Passeio de escuna até a Lagoa Azul

   Último dia na ilha e o primeiro sem bike! Acordamos cedo como sempre, tomamos um café da manhã reforçado na pousada e partimos nosso esperado passeio de escuna. Tivemos a oportunidade de conhecer dois pontos muito bonitos da ilha, o Saco do Céu e a Lagoa Azul

Lagoa Azul / Ilha Grande - Angra dos Reis/RJ

 No trajeto até o primeiro vimos uma igrejinha (construída no século XVII para a catequese dos índios) construída apenas com areia e óleo de baleia além, é claro, da bela costa da ilha repleta de vegetação preservada e belas paisagens.

Mergulho entre os peixes
Praia de Japariz / Ilha Grande - Angra dos Reis/RJ
Embora não fosse verão a água do mar não estava gelada e aproveitamos o "mar plano" para nadar um pouquinho nesta nossa primeira parada. Apesar de bonito o que nos deslumbrou mesmo foi a parada na Lagoa Azul. Lá pudemos nadar entre os peixes e os corais marinhos aproveitando para conhecer um dos pontos turísticos preferidos dos turistas que frequentam a ilha. Vale comentar também que boa parte da diversão do passeio foi devida às brincadeiras feitas entre o Paulo e o Gustavo. Os dois tinham "tiradas" muitos rápidas e engraças um com o outros e nos fizeram rir unúmeras vezes. Aos dois deixamos os parabéns pelo divertimento! Antes do retorno paramos na praia do Japariz para almoçar retornando para a Vila do Abraão por volta das 16h00. À noite saímos para jantar e para comprar algumas lembrancinhas para nossas famílias.

Distância percorrida: N/A

Frase do dia: "...Only the best" (Zwi, ao descrever a sensação de nadar com os peixes ao redor apreciando a bela paisagem da Lagoa Azul)

Dia 18 de Junho - Despedida da ilha e retorno a Campinas/SP

   Dizem que tudo o que é bom dura pouco. Pelo menos desta vez foi verdade!

Jantar na noite anterior antes de deixar a ilha

Dia do retorno à Campinas acordamos cedo já arrumando as tralhas para não perder o horário da barca até Angra. Infelizmente não foi possível conhecer todas as opções de aventura da ilha desta vez ficando um gostinho de quero mais! Valeu a pena? "Tudo vale a pena se a alma não é pequena...". Nos divertimos bastante, estreitamos nossos laços de amizade e novamente conhecemos lugares e pessoas que nos fizeram refletir sobre o quão bom é viajar e fazer amigos.


Distância percorrida:  N\A

Frase do dia: "...tudo vale a pena se a alma não é pequena..." (Zwi, citando Fernando Pessoa no poema Mar Português...)

Agradecimentos
A todos aqueles que nos ligaram durante aquela semana desejando uma boa cicloviagem;
Aos colegas que fizemos durante o passeio;
Às nossas famílias, por nos apoiarem em mais esta aventura;
Ao Carlos Augusto Matos pela ajuda na revisão;
Ao Anselmo da Troféu Bikes pelo transporte.

Para ver outras fotos da viagem clique aqui!

Caso tenha algum comentário sobre este relato email-me: denis.rodrigues(arroba)gmail.com  

domingo, 18 de abril de 2010

Aventura na Serra da Canastra (Delfinópolis/MG)


Como surgiu a idéia?!

   Início de Fevereiro, Carnaval chegando, e eu ainda não tinha um destino para o feriadão. Vasculhando o meu e-mail, pasta spam, encontrei uma propaganda sobre uma pousada em Delfinópolis. Confesso que foi a primeira vez que ouvi (ou melhor, li!) sobre a cidade. Procurando no Google Maps olha só o que encontrei!


   A cidade fica as margens do Rio Grande, bem pertinho, da divisa com SP e com uma serra bem ao lado! Achei o lugar interessante e fiquei com vontade de conhecer. Assim a parte mais fácil (não foi tão fácil assim, confesso!) da viagem foi cumprida, defini o lugar onde iria passar o meu feriado! É legal fugir da "muvuca" do carnaval de vez em quando e fazer algo diferente... Nestas horas procuro sempre algum lugar interessante para conhecer onde possa conhecer pessoas, fazer amizades e explorar a região. Devido a beleza e tamanho do nosso país afinal a tarefa difícil é escolher entre os muitos destinos!

A escolha da pousada

   Acho que o título acima é meio enganoso, imagina só se eu, quase sem tempo e uma semana antes do Carnaval, iria ter a possibilidade de escolher alguma coisa! (risos) Mesmo assim eu tentei! e como já era previsto não consegui encontrar nada! Todas as pousadas estavam com lotação máxima ou com preços altíssimos devido ao feriado. Neste ponto pensei que o role "ia melar" como dizem alguns colegas, mas foi ai que tive a grande sacada! Decidi, vou acampar!

Piscina


A barraca, a bike e os equipamentos 

   Como queria acampar mas não tenho barraca tive que arrumar uma. Pensei até em comprar mas como o tempo estava apertado apelei para os contatos. Emprestei a barraca do meu primo, tive uma aula de 5 minutos sobre como montá-la, e assim fechei mais um item da viagem. Faltava agora listar e juntar tudo que tinha que levar,  colocar o suporte no carro e comprar algumas coisas para comer na viagem e durante os roles. Levei também o meu jogo de ferramentas para bike, a mochila de hidratação e as roupas para o pedal. Para não correr riscos, apesar do tempo quente, resolvi levar também uma coberta. Finalmente o sabadão chegou. Arrumei minhas coisas no carro e parti para a aventura! 

A viagem

   Saí de Campinas/SP as 6h00 da manhã e segui pela rodovia Campinas/Mogi até Mococa, na divisa do estado com Minas Gerais. Para ser mais correto a estrada muda de nome conforme as cidade passam, mas é só seguir direto por ela que se chega a Mococa. Até este ponto a estrada é muito tranquila, conta com duas faixas e mesmo no Carnaval estava com o trânsito tranquilo.

   De Mococa a Delfinópolis a estrada é de mão única e o asfalto não é tão bom assim. Encontrei inclusive alguns buracos na pista mas nada que complicasse a viagem. Inclusive achei que viajaria em um trecho muito pior do que encontrei... Abaixo seguem as distâncias percorridas:


   Distâncias entre a origem e o destino


Cidades Distância entre cidades Acumulada
Campinas 0 0,0
Jaguariúna 28,0 28,0
Mogi Mirim 36,0 64,0
Mogi Guaçu 7,5 71,5
Casa Branca 64,5 136,0
Mococa 37,0 173,0
Arceburgo 16,5 189,5
Monte Santo de Minas 26,5 216,0
São Sebastião do Paraíso 35,0 251,0
Pratápolis 22,0 273,0
Cássia 20,0 293,0
Delfinópolis 31,0 324,0
Pousada Águas de Santo Antônio 33,5 357,5

A chegada

    Até a cidade de Delfinópolis o caminho foi muito fácil, bastou atenção na placas e uma paradinha em Cássia para confirmar a rota, chegando sem maiores percalços. Da cidade até a pousada fazenda onde eu iria ficar a história foi um pouco diferente. Eu até tinha uma mapa detalhado do local mas faltou um navegador naquela hora! Eu tinha que dirigir, prestando atenção na estrada para não passar em nenhum buraco, tinha que acompanhar as distâncias no odômetro e no mapa e tinha que me atentar as placas de referência mencionadas... Como podem imaginar chegou uma hora que resolvi parar, pois não tinha certeza de mais nada sobre o caminho! Voltei para o mapa e comecei a procurar onde eu estava quando vi passando um senhor, morador local, em sua motinha. Pedi seu auxílio informando que estava indo em direção a cachoeira do Luquinha mas estava perdido. Conhecendo a região muito bem ele me disse que estava no caminho correto e que me guiaria até o povoado conhecido por Olhos D'água por onde eu deveria passar. até chegar ao meu destino. Fechei os vidros do carro e segui o senhor. Não sei se por conhecer muito bem o lugar ou pela destreza mesmo a motinho voava no estradão de terra! Acho que ele chegou a alcançar uns 65 km/h em uma das retas... Juro que vi a moto sair de traseira pelo menos uma vez em um banco de areia... No meu caso não passei dos 40 km/h mesmo! Mesmo assim, acompanhando a poeira que ele deixava pelo caminho, consegui segui-lo. Chegando no vilarejo agradeci e me despedi pois, ainda faltavam uns 12 km a percorrer!
    Neste dia cheguei no horário do almoço, comi a típica comida mineira e saí para o meu primeiro passeio pela região.

As cachoeiras

   No hotel fazenda onde acampei existe um conjunto de cachoeiras muito conhecido na região, as Cachoeiras do Luquinha. Elas formam um conjunto muito bonito de quedas d'água que, cercada pela vegetação típica de Cerrado, ficam ainda mais bonitas e interessantes. 


   Do ponto onde estava acampando até a primeira delas existe uma distância de quase 3 Km que resolvi fazer a pé na primeira vez. Andei debaixo de um Sol escaldante por quase meia hora antes de chegar a primeira delas.
   
   Como estava com bastante calor aproveitei para tomar um banho e para tirar muitas fotos do lugar. As cachoeiras são interligadas por trilhas (pelas quais não dava para pedalar mesmo!) e a mais bonita delas é a última! Nesta, conhecida como Luquinha 3 existe o maior poço delas, o chão é forrado com pedrinhas e areia e o lugar é ideal para nadar. Como era de se esperar, em um lugar tão preservado a água era cristalina. Nesta cachoeira que fiquei a maior parte do tempo e foi legal ficar sentado lá escutando a água cair e correr. Com as energias renovadas e feliz por ter a oportunidade de conhecer um lugar como aquele retornei a pousada pelo mesmo caminho.



Vale a pena viajar sozinho?

   Umas das coisas que mais gosto de fazer é viajar, adoro conhecer lugares diferentes, culturas diferentes e fazer amigos. Para esta viajem convidei alguns colegas mas por motivos diversos nenhum deles infelizmente pôde me acompanhar. Mesmo assim resolvi ir sozinho, pois nem sempre é possível sincronizar uma viagem com a disponibilidade do pessoal. Viajar sozinho tem aspectos negativos e um positivos. Um dos pontos negativos é que pode não ser tão legal quanto viajar com as pessoas (amigos/família) que você gosta. Corre-se o risco de chegar ao local e ficar "sem ambiente" tornando a viagem chata... Como me considero uma pessoa comunicativa neste caso o risco é menor. Neste passeio por exemplo, conheci 2 casais com os quais fiz amizade. Um deles mora na região de Ribeirão Preto e saia todo os dias de manhã para conhecer as cachoeiras da região, não gostavam tanto de aventuras mas adoravam passear! Já o segundo casal que conheci, o Molina e a Shirley eram mais aventureiros como eu. Conversamos bastante durante o jantar sobre as nossas viagens. Eles me contaram sobre os passeios que já fizeram por aquela região dirigindo, as vezes, mais de 100 km por estradas de terra! Falamos inclusive das aventuras do Molina e a sua gaiola (para quem não sabe, como eu não sabia, gaiola é uma tipo de carro off-road onde uma estrutura é montada sobre um chassi... Alguns chamam este carros de Baja se não me engano...) pelas estradas de terra do norte de SP e sul de Minas. Eles conheciam bem a região tendo inclusive se aventurado pela parte alta da serra, perto da nascente do rio São Francisco, onde dizem que é possível encontrar cachoeiras margeando a estrada! Adoraria encontrá-los novamente em alguma de minhas aventuras para conversarmos novamente... Quanto ao questionamento do título acredito que cada um vai ter sua resposta para a questão!


O pedal pela serra e o retorno às cachoeiras

   No dia seguinte tomei meu café da manhã, e que café da manhã!, e me preparei para o meu pedal pela serra da Canastra. Na noite passada obtive a indicação de um caminho muito legal, no qual poderia subir a serra partindo do vilarejo de Olhos D´água.


Coloquei a bike no carro e me dirigi para lá. Cheguei ao posto de combustível, de onde saia a trilha que queria percorrer, estacionei o carro, arrumei minhas coisas lembrando de levar bastante água porque o dia estava bem quente. Já no princípio percebi um diferença em relação as trilhas que estou acostumado a pedalar, lá o chão tem muito cascalho o que dificulta o pedal! Sem falar é claro nas subidas que apareciam uma após a outra na minha frente! 



   No começo achei a paisagem bem normal, pois estava pedalando entre as plantações das fazendas mas quanto mais subia mais interessante ficava o lugar. A vegetação original do Cerrado foi tomando seu lugar de direito na paisagem e, como não parava de subir, fui enxergando cada vez mais longe. Depois de uma subida muito forte resolvi parar e descansar um pouco, aproveitei também para tirar algumas fotos da região. Do ponto onde me encontrava consegui enxergar a cidade e o rio Grande que lá de cima ficaram muito bonitos. Neste dia, após retornar para o almoço, ainda aproveitei para visitar novamente as cachoeiras e, no final da tarde, ainda aproveitei a piscina da fazenda que estava com a água muito boa depois de um dia todo de Sol.


  
O Retorno para casa

   Depois de minhas andanças pela região infelizmente chegou a hora do retorno. Me despedi dos colegas que conheci, do pessoal da fazenda, que foram o tempo todo muito prestativos e atenciosos, e pequei a estrada novamente. Fiquei impressionado com a beleza natural do Sul de Minas, com o rio Grande e com as paisagens que ia observando no caminho de volta. 


   Tive que enfrentar novamente os 35 km de estrada de terra, cruzei outra vez o Rio Grande de balsa e desci pelas montanhas cafeeiras rumo a divisa do estado. Entrando em SP novamente fiquei imaginando quando será a próxima vez que irei retornar.


sexta-feira, 19 de março de 2010

Blog do Domingueiras Bike Campinas

Pessoal,
   para quem deseja pedalar pela região de Campinas vale a pena dar uma espiada no BLOG do Domingueiras Bike! Toda semana, faça chuva ou faça Sol, tem pedal no domingão de manhã!


Abraços.
Denis Rodrigues.